As seitas do Judaismo - Os essênios

Os essênios constituíam a terceira seita judaica. Como os fariseus, pareciam ter saído dos hasidim. Na verdade os essênios representavam o extremo conservador que deu origem ao farisaísmo. E colocaram em prática os mais severos ensinos do mesmo.
Algumas diferenças menores entre os diversos núcleos que deram origem aos essênios, parecem indicar que a seita esteve dividida em dois grupos, um dos quais demonstrava repudio ao matrimonio. Em outros assuntos ambas as classes praticavam o separatismo para com os fariseus, até o ponto de separar-se da sociedade e, por tanto, sua vida foi virtualmente monástica. Não comercializavam, recusavam ter escravos, e pelo menos, em certa medida, recusavam os sacrifícios do templo. Negavam-se prestar juramentos, praticavam a igualdade de bens, participavam de comidas em comum feitas por sacerdotes – cozinheiros, viviam separados dos demais que não eram essênios e se ajudavam fraternal e reciprocamente nos casos de enfermidade e em outras circunstâncias adversas. Vestiam-se de branco e eram escrupulosamente limpos. E a esse respeito se destacava a enfaze nos lavamentos cerimoniais por imersão que se praticava diariamente.
Os essênios criam na preexistência da alma, pelo que sustentavam um dualismo filosófico, e desprezavam a idéia da ressurreição do corpo. Em seus ensinos havia sem sombras de duvida elementos do zoariastrismo. Na doutrina dos essênios havia, em certos aspectos, algumas características do pitagorismo grego.
As descobertas arqueológicas de Qunram, na região do mar Morto, despertaram um novo interesse por esta seita. Tem se difundido muito entre os eruditos a convicção de que os edifícios de Qunram pertenciam a uma comunidade que floreceu por volta do século I a.C os manuscritos ali encontrados eram uma biblioteca essênia. Descobriu-se entre outros documentos o Manual de Disciplina e o Comentário de Habacuque, que se origino-se com um grupo conhecido como pactuantes de Damasco, tem se permitido supor que esse grupo de Damasco também era essênio.
Esses documentos revelam uma infinidade notável de alguns aspectos do cristianismo primitivo, e demonstram um relacionamento mais estreito com os ensinamentos de advertência que João Batista e Jesus ensinavam, e por outro lado certos elementos do judaísmo. Ensinavam que a vinda do Messias – incluso de dois Messias – era um dogma importante das crenças de Qunram. Pelo menos os grupos de Qunram e de Damasco remontavam sua origem até um profeta, “o Mestre de Justiça”. Haviam organizado seus seguidores no “Novo Pacto” (o Novo Testamento) em preparação para o reino messiânico, e se haviam visto envoltos em sérios conflitos com as autoridades religiosas dominantes judaicas.
Mediante uma vida reta, pura e estrita obediência a lei, a comunidade de Qunram se propunha contribuir para a preparação do mundo para o reino vindouro. Eles insistiam em que os atos de purificação - como as imersões diárias - eram inúteis se eles não fossem precedidos por uma limpeza do coração por meio de um espírito sagrado que acreditavam que Deus lhes fez saber por meio de “Seu Ungido”. Sua ênfase na limpeza espiritual preparatória para o Reino messiânico, seus lavamentos, suas normas de éticas altas e seu estabelecimento no deserto do Jordão, próximo ao mar Morto, eles se assemelhavam muito com o ministério de João Batista; e como este, eles declararam que eles eram a o cumprimento de Isa. 40: 3. Tão semelhante e surpreendente que seja é difícil não chegar à conclusão de que João deveria ter tido alguma relação com os essênios. Alguns aspectos dos ensinos dos apóstolos João e Paulo também acham alguns ecos na literatura dos essênios. Claro que, isto não significa que estes apóstolos levaram a mensagem evangélica apartir dos ensinos dos essênios.

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