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Terrorismo: o que devemos saber

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Mensagem  Kobestelo ADM Dom Mar 23, 2008 8:06 pm

No dia 15 de agosto a televisão norte-americana noticiou que o Departamento de Polícia da cidade de Nova York divulgou um relatório que mostra que a idade média dos jovens islâmicos que se radicalizam está cada vez mais baixa. O fenômeno não é apenas americano, o mesmo acontece na Europa, no Canadá, Austrália, no Oriente Médio, etc.
Mas, afinal, o que significa a radicalização de um jovem islâmico? Vamos por etapas. Em primeiro lugar, devemos ter em mente que nem sempre a radicalização religiosa desemboca na criação de um terrorista. Muitos radicais são apenas estudiosos e seguidores estritos do islã em suas vidas pessoais, isolando-se da sociedade ocidental envolvente, mas existem aqueles outros que enveredam pelos caminhos do terrorismo. É sobre estes últimos que iremos escrever.
A radicalização toma muitas formas, levando à questão “o que é “radicalizar”? Na botânica, radicalização quer dizer: ”porção do eixo das plantas superiores que cresce para baixo, em geral dentro do solo, e cuja função fundamental é fixar o organismo vegetal e retirar do substrato os nutrientes e a água necessários à vida da planta”*. Usando esta definição como analogia, podemos dizer que estes jovens buscam dentro do substrato que sustenta o islã o que há de mais extremo para “fixá-los” e “alimentá-los”, criando uma identidade islâmica, em oposição à ocidental, nutrida e fixada por valores básicos do islã extremista.
Quais são os valores básicos do islã? Eles são cinco, “os 5 pilares do islã”: (1) O primeiro é a crença em um D-us único; (2) obrigação de rezar as cinco orações diárias prescritas; (3) jejuar no mês de Ramadan; (4) fazer caridade; e (5) fazer pelo menos uma peregrinação a Meca durante sua vida. As pessoas, os povos, que se unem na observância dos pilares do islamismo formam o que se denomina “Umma”, que significa comunidade. A “Umma” é a base do “Da’ar el-islam”, casa do islã, que existe em oposição ao “Da’ar el-harb”, o mundo da guerra, o mundo dos não-islâmicos. É no confronto entre os dois mundos que encontramos a idéia de “Jihad”, a guerra santa”.
O que é a “Jihad”? A Jihad é uma luta, interna e externa: A luta interna é contra as más inclinações de pessoais, e a externa é contra o “Da’ar el-harb”, o mundo da guerra, um mundo que deve ser derrotado pelo “Da’ar el-islam”, seja através da conversão de seus membros ao islã, seja por sua eliminação física. É a busca do fim-dos-tempos, o retorno glorioso ao Califado através da Jihad, que cria atos de terrorismo islâmico.
Até a segunda metade do século 20, o mundo conhecia um tipo tradicional de terrorismo, aquele que buscava derrubar um governo ou alterar alguma política de cunho social, como ainda fazem os Tigres de Tamil, as Farc, e outros grupos revolucionários. Nas últimas décadas do século passado, o mundo viu surgir uma nova forma de terrorismo, especificamente islâmico, que é denominado “terrorismo aleatório”, que não tem mais o objetivo de mudar um governo por outro, que ataca principalmente a população civil, e que tem como objetivo chamar a atenção para uma demanda particular, criando pressão e medo na opinião pública.
No século 21, culminando no atentado de 11 de setembro de 2001, aparece em cena o “terrorismo pós-moderno”, aquele que ataca civis em grande escala, e busca uma mudança da realidade através de sua destruição. É um tipo não-convencional, que também usa, e usará cada vez em maior escala, armas químicas, biológicas e nucleares, e que se utiliza cada vez mais dos meios de comunicação de massa para gerar medo e divulgar sua mensagem, e que também usa a internet para recrutar e treinar novos aderentes. No momento, esta luta desenvolve-se principalmente dentro do mundo islâmico, através de tentativas de desestabilizar e derrubar os governos do Egito, Arábia Saudita, Iraque, Jordânia, etc., mas ela não busca apenas derrubar governos, mas sim outros valores civilizacionais, principalmente a ocidental, através da destruição do “Da’ar el-harb” que os ameaça culturalmente ao pregar uma sociedade civil dissociada do componente religioso tradicional.
O terrorismo necessita de dois fatores para existir: (1) a motivação e (2) os meios necessários para implementá-lo. Esta é a razão pela qual este artigo começou com a referência aos jovens, cada vez mais jovens, que aderem a uma linha radical do islã, que cria neles a motivação. Mas a motivação sem os meios não permite a existência do terrorismo, e é com a motivação que a semente é plantada. Os meios são vários, tais como o apoio econômico, político, militar, ideológico, e operacional de governos, como a Arábia Saudita e o Irã entre outros, de indústrias, negócios, e doações (da’wa, i.e. caridade) magnatas e pessoas comuns, etc.
Nem todos os países definem o terrorismo da mesma maneira, o que torna difícil atacá-lo de forma global. No entanto, de acordo com o dr. Boaz Ganor, diretor do Instituto de Contra-Terrorismo, em Israel, “o terrorismo é o uso intencional, ou ameaça, de violência contra civis para alcançar objetivos políticos. Ele é uma tática, não um objetivo em si, que usa a violência para atacar populações civis. O terrorista não é um criminoso comum, ele é um criminoso de guerra. Ele pode ser aquele que perpetra um ataque, aquele que ajuda na logística, aquele que financia, e aquele que o acolhe”.
O modus-operandi da Jihad global é desenvolvido através de comunidades islâmicas em todo o mundo, e também através da mídia e do uso do ciberespaço, ou seja, contato direto e contato virtual. A estratégia é a de cooptar mentes e corações das populações islâmicas, principalmente entre os jovens, através da identificação e uso de um sentimento de discriminação para criar a motivação. É oferecida uma nova identidade, “superior” às demais, com sentido de pertinência à Umma, alterando o status de seus membros de minorias a maioria. De acordo com o dr. Ganor, 99% das pessoas atingidas pela propaganda não estarão interessadas ou prontas a integrar-se à Jihad global, mas há 1% com as características específicas procuradas pelas organizações terroristas, e dentre eles sairão vários tipos de agentes do terror. Dentre o 1% de pessoas que se envolvem diretamente em ataques terroristas, encontram-se dois tipos: (1) aqueles que agem por iniciativa pessoal, muitas vezes sem o conhecimento da organização da qual fazem parte, e (2) aqueles que agem como parte de ataques organizados por uma organização terrorista específica ou de seus elementos “terceirizados”.
A identidade criada pela Jihad global baseia-se em vários elementos: (1) na glorificação da história do islã (da época do Califado), (2) na apresentação de soluções extremas, onde o bem (islã) e o mal (não-islã) são absolutos; (3) através da criação de um inimigo comum, por intermédio de teorias de conspiração (por isto os “Protocolos” são tão divulgados no mundo islâmico), (4) alimentando o sentimento de humilhação islâmica frente ao Ocidente, e a conseqüente necessidade de vingança (a honra é um conceito básico para entender-se o islã), (5) na ênfase sobre a obrigação religiosa, um comando divino, para a Jihad, e (6) através da indução de um senso de urgência para salvar o islã antes que ele seja destruído pelo “grande” (EUA) e pelo “pequeno” (Israel) satãs.
Desta maneira, mais e mais pessoas, principalmente jovens influenciáveis, são atraídas ao extremismo islâmico, tornando-se terroristas em potencial, e o fato de serem cada vez mais jovens mostra o quão são facilmente influenciáveis pela propaganda da Jihad global. O mundo ocidental tem uma visão de infância e juventude muito diferenciada da do islã radical, e não está preparado para lidar com o que os especialistas indicam será a próxima onda de terror: o uso de crianças e adolescentes em ataques.
Nenhum país ou área do globo estará isento. Por isto, é importante que aprendamos cada vez mais sobre o fenômeno do terror para que possamos tentar neutralizá-lo.
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