CAVA
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

“Pecado Original”

CAVA :: Discussão :: 

Ir para baixo

“Pecado Original” Empty “Pecado Original”

Mensagem  Kobestelo ADM Ter Mar 18, 2008 11:37 am

Uma vez que a maioria do mundo cristão (inclusive muitos adventistas do sétimo dia) aceitam de uma forma ou outra a doutrina católica do pecado original, creio que é justamente sobre esse ponto que deveríamos prosseguir em nossas considerações. Uma definição simples de pecado original diz que somos condenados e culpados diante de Deus unicamente porque nascemos na família humana. Essa é uma das razões por que a Igreja Católica pratica o batismo infantil. Será que essa doutrina é bíblica? Poderia esse ensino ser aceito pela igreja remanescente? Se sim, então um bebê recém-nascido deveria ser batizado imediatamente para a remissão do pecado, com receio de que se ele morresse por alguma razão, estaria para sempre perdido. Você pode ver, caro amigo, o funesto erro de tal ensinamento?
Outro aspecto da doutrina da culpa por nascimento, ou natureza, é que quando Adão transgrediu, ele perdeu a capacidade de não pecar. Portanto, ele tinha, por necessidade, de continuar pecando pelo resto de sua vida e nós, como seus descendentes, estamos destinados a pecar, sem nenhuma esperança de vencer o pecado. Agora, consideremos: se o pecado é por opção, então somos responsáveis pelas escolhas que fazemos, mas, se é por natureza e, ipso facto, inevitável que permaneçamos em pecado a despeito de nossas preferências, então a inevitabilidade, a necessidade, excluem toda responsabilidade. Logo, a questão que precisa ser primeiramente respondida é: O que é pecado? É ele o modo que somos ou o caminho que escolhemos? Ele acontece quando nascemos ou quando consentimos em errar? Se a culpa vem por herança, então, onde se encaixa a responsabilidade?
A Bíblia define pecado como nossa escolha espontânea, para exercitar nossa natureza decaída em oposição à vontade de Deus. “Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados.” (Hebreus 10:26). “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado.” (Tiago 4:17). Jesus verteu mais luz sobre isso quando disse: “Se Eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado; mas, agora, não somente viram, mas também odiaram tanto a Mim como a Meu Pai... Se Eu entre eles não tivesse feito tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado...” (João 15:22 e 24). “Se fôsseis cegos , não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Nós vemos, permanece o vosso pecado.” (João 9:41)
Ellen White escreveu sobre esse assunto em linguagem muito clara, quando citou as palavras do anjo: “Se a luz vem e é posta de lado ou menosprezada, há condenação e desaprovação divina, mas antes que a luz venha, não há pecado, porquanto não há luz para rejeitar.”1
Note que pecado não é algo recebido por herança. A culpa não procede da natureza, mas é resultado de conhecer o que é certo e praticar o errado. É rebelião proposital contra Deus. Tenha presente, amigo leitor, que não seremos responsáveis pela luz que não conhecemos, mas por aquela à qual temos resistido e rejeitado. “Ninguém será condenado por desatender à luz e ao conhecimento que nunca possuiu.” 2
O livro de Atos contém uma passagem que intrigou muitos do povo de Deus através dos anos. “Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam.” (Atos 17:30) Se considerarmos, todavia, essa passagem à luz do que a mensageira de Deus nos falou, descobriremos seu claro significado.
“A luz manifesta e condena os erros que se ocultavam nas trevas; e, ao chegar a luz, a vida e o caráter dos homens devem mudar correspondentemente, para com ela se harmonizarem. Pecados que eram outrora cometidos por ignorância, devido à cegueira do espírito, já não podem continuar a merecer condescendência sem que se incorra em culpa.” 3
Outro aspecto do pecado que deveria ser abordado é se há culpa em pensamentos ou desejos maus. A “nova teologia” (que em realidade nada mais é que teologia protestante, a qual, por sua vez, é meramente catolicismo agostiniano) ensina que há culpa no desejo, mesmo quando resistido através do exercício da vontade. Um dos primeiros proponentes desse ensino dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia declarou abertamente: “Há culpa nos maus desejos, mesmo quando dominados pela vontade.” Todavia, a Palavra de Deus diz: “Cada um, porém, é tentado e atraído quando engodado pela sua própria concupiscência, então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz ao pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1:14 e 15) Aqui vemos o desenvolvimento do desejo ao pecado efetivo; assim, pecado é resultado de ceder ao desejo.
“Há pensamentos e sentimentos sugeridos e despertados por Satanás, que molestam mesmo o melhor dos homens, mas se eles não são abrigados, se são repelidos como odiosos, a alma não é contaminada pela culpa.”4
Dessa maneira, não é o nascimento, a natureza ou o pensamento resistido que nos condena diante do Universo, mas tornamo-nos pecadores por causa da nossa contumaz rebelião em ignorar a vontade de Deus. É quando escolhemos o eu em lugar de Deus que nos tornamos culpados. Como pode ser visto, quando falamos de pecado é importante compreendermos aquilo de que estamos tratando. A transgressão é resultado do pecado ou da culpa do pecado?
Quando examinamos com mais detença a questão, descobrimos que pecado em seu mais amplo sentido traz consigo duas conseqüências distintas: primeira, a maldição do pecado que produz a primeira morte; segunda, a penalidade do pecado que é a segunda morte. A primeira é o resultado do pecado, a segunda, a conseqüência da culpa do pecado.
É fundamentalmente por causa da falta de compreensão desse princípio que muitas pessoas entendem que a declaração divina de Êxodo 20:5, de que Ele visita “a maldade dos pais nos filhos”, é contraditória com Sua afirmação em Ezequiel 18:20, de que “o filho não levará a iniqüidade do pai”. Não obstante, quando compreendemos que quando Deus está falando de pecado em Ezequiel, refere-Se à culpa do pecado, a qual traz consigo a penalidade (“A alma que pecar, essa morrerá.” Verso 20). Em Êxodo Ele está falando do resultado do pecado com suas resultantes conseqüências.
O Senhor nos deu uma claríssima compreensão dessa distinção entre conseqüências e culpa, no livro Patriarcas e Profetas:
“ É inevitável que os filhos sofram as conseqüências das más ações dos pais, mas não são castigados pela culpa deles, a não ser que participem de seus pecados. Dá-se, entretanto, em geral o caso de os filhos andarem nas pegadas de seus pais. Por herança e exemplo os filhos se tornam participantes do pecado dos pais. Más tendências, apetites pervertidos e moral vil, bem como enfermidades físicas e degeneração, são transmitidos como um legado de pai a filho, até a terceira e quarta geração.” 5
Por conseguinte, colhemos os resultados, as conseqüências dos pecados de nossos pais no nascimento, mas não participamos de sua culpa até escolhermos partilhar de seus pecados. Assim, todos sofremos as conseqüências do pecado de Adão, as más tendências, envilecimento moral, doenças físicas e degeneração e, finalmente, a primeira morte. Mas não sofremos a penalidade do pecado de Adão. Nosso condenação procede da escolha espontânea de seguir as pisadas do primeiro homem.
“Nenhum homem pode ser forçado a transgredir. Seu próprio consentimento precisa primeiramente ser obtido; a alma deve primeiro pretender praticar o ato pecaminoso antes que a paixão possa dominar a razão ou a iniqüidade triunfar sobre a consciência. Tentação, embora poderosa, não é desculpa para o pecado.” 6
É em razão da errônea compreensão da natureza do pecado que achamos confuso o assunto da natureza de Cristo. Pois se alguém crê que o homem é culpado e condenado por causa da natureza com que nasceu, então seria impossível para Jesus ter tomado nossa natureza, pois Ele seria culpado de pecado simplesmente por ter nascido na família humana.
Baseando nesse raciocínio é que a Igreja Católica criou a doutrina da imaculada conceição. Esse dogma ensina que Maria, e não Jesus, foi imaculadamente concebida, isto é, sem pecado. Pois se Cristo houvesse nascido de uma mulher decaída, pecaminosa, teria herdado sua natureza corrompida, e Se tornado culpado de pecado e, por conseguinte, incapaz de se manter isento de pecar; daí a necessidade de possuir u’a mãe com natureza impecável, livre da mancha do pecado.
A grande maioria dos protestantes rejeita terminantemente esse grande erro, entendendo que se sua lógica for seguida, chega-se à conclusão de que se Maria possuísse uma natureza perfeita, o mesmo teria de ser verdadeiro com respeito à sua mãe, sua avó e bisavó, e assim até o tempo de Eva, sendo forçados a concluir que nunca houve uma queda.
Sem embargo, por causa da má compreensão da natureza do pecado, a vasta maioria, incluindo muitos adventistas do sétimo dia, tem dito que Jesus não poderia ter tomado sobre Si nossa natureza depravada, pois se o fizesse, também teria de cometer pecado. Assim, conquanto rejeitando a imaculada conceição, alegam que Jesus não poderia haver herdado a natureza caída de sua mãe. E, a fim de achar uma solução para o dilema, recuam até o primeiro ancestral de Sua mãe e triunfantemente declaram: “Ele herdou a natureza impoluta de Adão!”
Agora, meu amigo leitor, lembre-se: se crermos que o homem herdou a culpa do pecado de Adão, então Jesus tinha necessidade de portar a natureza do primeiro homem antes da queda, mas se é apenas o resultado do pecado de Adão que recebemos em legado, então Jesus poderia ter tomado nossa natureza decaída. Assim, como podemos ver, primeiramente é preciso compreender a natureza do pecado.

______________________________________________________________________________________
1 Testemunhos para a Igreja, vol. 1, pág. 116.
2 SDABC, vol. 5, pág. 1145.
3 Obreiros Evangélicos, pág. 162.
4 Review and Herald, 27 de março de 1888.
5 Patriarcas e Profetas, pág. 306.
6 Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 177.


Kobestelo
Kobestelo ADM
Kobestelo ADM
Prata
Prata

Número de Mensagens : 59
Localização : Curitiba
Data de inscrição : 17/03/2008

https://cava.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo


CAVA :: Discussão :: 

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos